1 - ANDARILHO



Incansável andarilho!

Qual é tua direção,

De quem tu és filho,

Quem é teu irmão?



Onde fica teu abrigo?

Qual o porquê do teu andar?

Que trazes contigo?

Que procuras encontrar?



Nos dias do meu viver,

Nessas estradas sem fim,

Procuro meu próprio ser,

Não encontro dentro de mim.



Procuro me encontrar,

Nessas paragens da vida,

Por isso não posso parar,

A procura de uma saída.



- Tudo que procurei ter,

O ter, dei importância,

Esqueci meu próprio ser,

Nas trevas da ignorância.



Sou hoje um andarilho,

Nos caminhos da evolução,

Da Sabedoria me sinto filho,

E o Universo minha nação.

 

 

 

 

João C. de Vasconcelos

  

 



2 - BRASIL


 

Brasil, Pátria querida!  
Berço do meu viver,
Ó terra da minha vida!
É triste, vê-la morrer.

Daria a minha vida,
Para fazer você viver,
Extinguir a ferida,
Que faz você morrer.

Os vírus que lhe consome,
Que lhe deixa tão doente,
São os que causam a fome,
Por meio tão deprimente.

Como doe, minha nação!
Vê-la nessa pobreza,
Sem ter sequer o pão,
Que alimenta a nobreza.

Como tirá-la da letargia,
Que impede você crescer,
Eliminar a anestesia,
Que não lhe deixa viver.

Brasil, seus gritos de socorro,
Ecoam sem ser ouvidos,
Seu silencioso choro,
São dos seus filhos deprimidos
.

 

 

 

 

 

 

 3 -  Barco

 

 

 

 

 

Ó barco! Por fora, perfeito,

Sobre o mar a flutuar,

Por dentro, com defeitos,

Podendo até naufragar.

 

Tinhas tudo para navegar,

Sobre as águas revoltas,

Vencer a fúria do mar,

Sem desvios, sem voltas.

 

Para navegar, foste feito,

Tantos anos de construção!

Para o mar ser teu leito,

Com serena navegação.

 

Navegar era teu destino,

Sem medo do alto mar,

Os marujos, cantar o hino,

Na proa, a bandeira hastear.

 

Encontra-se, hoje, aportado,

Quando deverias navegar,

Com avaria por todos os lados,

Vencido pela turbulência do mar.

 

Comandante! Corrija os defeitos,

Volte rápido, ao alto mar,

Dê voz de comando, tire do peito,

Não deixe o nosso barco afundar.

 

João C. de Vasconcelos

 

 

 

    

4 -  A FOME

 

Brasil, terra tão rica,

Celeiro de tanta riqueza,

Muitos, com pouco fica,

Numa total pobreza.

 

Tudo em mãos de poucos;

Muitos sem nada ter,

É o domínio dos loucos,

Que fazem o povo sofrer.

 

País de tanta gente,

Poucos, muito consome,

Gerando um povo carente,

Miserável, passando fome.

 

Esses caçadores treinados,

Que enganam suas presas,

Com bonitos palavreados,

Tiram-lhes tudo de surpresa.

 

O povo torna-se caça,

Dos caçadores de dinheiro,

Que criam uma sub-raça,

Por este Brasil inteiro.

 

Tantos gritos de socorro,

Entram em ressonância,

Numa orquestra de choro,

Que se escuta a distância.

 

Lágrimas caídas nos rostos,

Dessa gente tão sofrida,

Que chora seus desgostos,

Numa vida dura e deprimida.

 

Ó país das desigualdades!

Ó terra dos sem leitos!

Deserto, seco da verdade,

Oásis de muitos direitos.

 

País de muitos direitos,

Pelo poder são gerados,

O político tudo tem feito,

O povo se faz é condenado.

 

Ó mundo dos direitos!

Ó direitos do mundo!

Que encobrem os defeitos,

Ó lamaçal sem fundo!

 

Quem cria tanta lama,

Um dia, nela vai se afogar,

Hoje, no apogeu da fama,

Não conseguem enxergar.

 

 

João C. de Vasconcelos

5 - A SECA

 

Vive em mim a imagem,

Terra seca, sol quente,

Galhos secos, sem folhagem,

Sem vida, sem ter gente.

 

Rios que não correm,

Terra  que se racha,

Águas que desaparecem,

Na cacimba não se acha.

 

O vento  poeira levanta,

Folhas mortas voam no ar,

Sertanejo com bravura enfrenta,

Na esperança que vai mudar.

 

O sol tudo queimou,

O verde desapareceu,

Até a água ele secou,

Quase nada sobreviveu.

 

Filas de latas e de potes,

Á beira de um cacimbão,

A espera que água brote,

Daquele ressequido chão.

 

Só quem viu pode dizer,

A tristeza daquela gente,

Ver a plantação morrer,

Queimada pelo sol quente.

  

O gado de sede, vi chorar,

Seu mugido era um clamor,

Na tristeza de seu olhar,

Representava tanta dor.

 

Ainda escuto a voz do vaqueiro,

Rebanhando todo o gado,

Na frente da boiada, o primeiro,

Gritando um choro cantado.

 

O ano de 58 não choveu,

Deserto, virou o sertão,

O sertanejo só sofreu,

Deixou  na terra, seu coração.

 

Juscelino, o presidente,

Com tamanha inspiração,

Tirou a fome daquela gente,

Com trabalho na construção.

 

Brasília foi construída,

Trabalho dos nordestinos,

Toda essa gente sofrida,

Agradeceu ao Juscelino.

 

Trabalho e muita garra,

Com o coração livre de mágoa,

Foram feitos, Orós e Araras,

Para acabar a falta d’água.

 

Estradas foram construídas,

DENOCS fiscalizou,

Aquela gente destemida,

Com vontade trabalhou.

 

Cena viva, que doeu,

Mãos duras e calejadas,

O sertanejo sofreu,

Hoje, cenas passadas.

 

( Apesar de tudo isso, ainda brincavam,

   pois diziam:

   DENOCS - Deus Não Ordenou Cassaco Sofrer -

   Sofre Cassaco Ordinário Neste Departamento ).

 

 

João C. de Vasconcelos

 

 

 

 

   6 - H I V  

Pergunto, meu Deus!

Por que tamanha dor?

Sofrem os filhos teus,

Por ação do  impostor!

 

 

Quem esse vírus criou?

Esse infame destruidor!

Nem a ciência o matou,

Veio de ti meu Senhor?

 

Pelos homens foi criado?!

É possível ter acontecido!

Como podem ter errado!

Pela  criação ser vencido!

 

Sofrem tantos inocentes,

Que erros não cometeram,

Quantos jovens doentes,

Muitos que já morreram...

 

Ó vida com pouca vida!

Mundo de pouco amor,

Tantos pedaços partidos,

Soltos num mar de dor.

 

 Nesse mar de lágrimas,

Quantas vidas perdidas!,

Certamente, foram  vítimas,

De vidas desprotegidas.

 

Nessa vida presente,

O amor e a esperança,

Diminuem os doentes,

Acaba com as doenças

 

 A vida é o conhecer,

É sobretudo, o amar,

Nessa forma de viver,

AIDS não vai me matar.

                         

 João C. de Vasconcelos

 

 

 

7 - AVIÃO



POR QUE?...

Louvável é o homem,
que esta máquina criou,
coitados são aqueles,
para fins ruins,
este engenho usou..

Quem cria rio de sofrimento,
O seu barco nele navegará,
Desemboca num mar sangrento,
Com furos por todos os lados,
Lentamente naufragará.

João C. de Vasconcelos


 

    9 - CRIANÇA ABANDONADA

 

Tantas lágrimas,

Nas faces caídas,

Da seca nascente,

Das dores extraídas,

Do pequeno adolescente.

 

Que tanto sofrimento,

No rosto estampado,

Chorando tão só,

Na calçada sentado,

Ó mundo sem dó!

 

Mundo pequeno,

Vazio de amor,

Crianças vivendo,

Neste mar de dor,

Nas ruas gemendo.

 

Vida de pouca vida,

Sem chance de viver,

É duramente esmagada,

Pela força do poder,

Pela sociedade gerada.

 

criança sem nome,

Vida tão triste!

No mundo, despedaçada,

No entanto, ela existe,

Desvalida e desamparada.

 

Ó pequeno adolescente!

Qual foi o teu erro!

Pois, vives condenado,

Neste triste desterro,

Por ninguém amado.

 

João C. de Vasconcelos - PY2 RMM

 



 

   10 - QUE BELO DIA! 

 

A vida é maravilhosa,

Vamos intensamente viver,

Não fique aí chorosa,

Venha ver o sol nascer.

 

Belo alvorecer, veja!

Um novo dia nascendo,

A natureza corteja,

Quem nela está vivendo.

 

Ar puro, respire fundo,

Absorva as energias,

Observe o belo mundo,

Oferece-lhe lindo dia.

 

Venha cantar de alegria,

Nesse dia do seu viver,

Saiba que a vida cria,

O que precisamos ter.

 

Viva você no mundo,

O mundo vive em você,

Aproveite cada segundo,

Faça toda à vida valer.

 

Acredite e vá em frente,

Que encontrará o alento,

Deixe fluir o que sente,

Viverá sempre contente.

 

 

João C. de Vasconcelos

 

 

 

11 - O RÁDIO

 

Esforço e dedicação,

Em prol da humanidade,

Fazendo a comunicação,

Tornar-se uma realidade.

 

Landell deu o ponta - pé,

Outros deram continuidade,

Acreditando com muita fé,

Na verdadeira utilidade.

 

Somos hoje, agradecidos,

Pelo esforço dessa gente,

Pelo rádio, conhecidos,

Em diversos continentes.

 

Façamos do rádio amigo,

Um oceano de amizades,

Que não se criem inimigos,

Transmitindo-se falsidades.

 

O rádio leva todos nós,

Com um toque de encanto,

Não nos deixando sós,

Isolados em um canto.

 

Desse veículo, façamos o bem,

Num ato de dar e receber,

Ninguém pode dizer que não tem,

Um pouquinho para ceder.

 

Rádio, não faz radioamador,

O contrário, que acontece,

Tudo que é feito com amor,

Sobre tudo, prevalece.

 

Amando o que se faz,

Por esse rádio, bem amado,

Irradiando-se alegria e paz,

A todos aficionados.

 

O rádio não pode morrer,

Somos sua seiva vital,

Faremos do seu viver,

Um início sem final.

 

 

João C. de Vasconcelos